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As oito Cachoeiras dos Dragões


AS OITO CACHOEIRAS DOS DRAGÕES



Introdução: Era uma vez um monge Budista japonês, que conheceu o Cerrado Goiano, e as cachoeiras que ali se encontravam. Ficando encantado com elas, ele imaginou através das cachoeiras uma história do autoconhecimento e do caminho espiritual. Uma pessoa que era estrangeira amou esta terra a este ponto, a valorizando tanto que para ele virou o centro do mundo. Ele ali viu 'As oito cachoeiras dos dragões', e o nome pegou pelo povo local, hoje é conhecido simplesmente como 'os dragões'. Este monge é o Tokuda Sensei, enquanto os brasileiros valorizam Paris e as 'Europs', este estrangeiro valorizou o Brasil. O Brasil começa com este amor. Nós somos o centro do mundo. Ou um deles. É como a rede de Indra, em cada interseção da rede tem uma joia, que reflete todas as demais.




Em primeiro lugar, Ryumon, o portão do dragão, que é a primeira das cachoeiras. No Shobogenzo-Zuimonki e no Shinjinmei está dito: “Existe um lugar no oceano onde está o portão do dragão, que é quando o peixe, em geral uma carpa, ao chegar a tal lugar onde as ondas são muito altas. Como uma cascata de três camadas. O peixe começa a subir. Mas como são três camadas, não consegue subir e no meio da ascensão cai, tomba. Tenta de novo, mas cai, caindo, caindo, mas alguns peixes conseguem subir tudo isso. E a mitologia diz: Nesse momento, quando se consegue passar tudo isso, o peixe se transforma em dragão.” Portanto, essa cachoeira, portão do dragão, é a entrada do dragão. Esse lugar corresponde ao Mosteiro Zen. O treinamento é muito árduo, muitos não conseguem passar, caem fora. Quem conseguiu ficar lá, no ango de três meses, um ano, dois, três anos, esse monge, praticante Zen, se transforma em um dragão, monge Zen verdadeiro e não depende de saber muitas coisas sobre o Dharma, não precisa falar como uma cascata e não depende se já leu o Tripitaka ou todos os sutras Budistas três vezes, isso para monge Zen não quer dizer nada mas apesar de tudo, aparentemente você é a mesma pessoa, tem a mesma cara mas algo está totalmente mudado. Essa transformação é um símbolo do dragão como falei anteriormente, caos, quer dizer, questão de vida e morte, perigos, riscos, quem passar isso conseguiu sua auto-realização. Entretanto não é controlado. Ninguém sabe o que vai acontecer. Todas as dificuldades, fora dos limites físicos e espirituais. Quem quer experimentar pode entrar nesse lugar. Mas as pessoas não sabem nada disso e pensam que você ainda está lá naquela parte da água e parado com a represa, tirando a água fora querendo pegar esse peixe, carpa, no fundo da água, mas imagine, esse peixe já se transformou em um dragão e subiu para os céus. Essa é a imagem do dragão, do portão do dragão. A pessoa para tentar entrar nesse portão, tem uma certa maneira, porque se a pessoa entrar, não tem mais regresso para trás. E entrega seu corpo e mente ao que ocorrer no mosteiro.



A segunda é a cachoeira do dragão azul. O dragão azul está no símbolo dos Quatro Deuses de Shishin. Esse dragão azul está morando no fundo das águas onde ninguém pode sondar tal profundidade. As pessoas estão querendo chegar até lá, tem que descer até essa profundidade. Coloquei esse nome porque a cachoeira do dragão tem camadas de pedra, como um penhasco, então o livro Zen do Hekigan “Crônicas do Penhasco Azul” fala do sofrimento, que duro, não contar a ninguém sobre essa dureza, porque ninguém vai entender, apenas aqueles que por isso passaram. Então com a prática do Zen às vezes tem que entrar na caverna do dragão azul arriscando sua própria vida. É isso aí. O mosteiro hoje em dia está um pouco relaxado, mas o sesshin, o kyosaku é isso e experimenta seus limites, tanto físicos quanto espirituais. Mas com o tempo de treinamento a capacidade vai crescendo cada vez mais. É o treinamento: quanto mais treina, tanto mais a capacidade cresce. O Dragão Azul.



A terceira cachoeira é a Pérola do Dragão: Essa Pérola do Dragão pode-se imaginar: Dizem que o dragão está guardando uma pérola preciosa, negra, rara, dentro de suas mandíbulas. Isso simboliza que essa pérola tem algo de precioso, não tem preço, como a Natureza de Buda. Para conseguir pegar essa pérola, você tem que arriscar sua vida, como o rabo do tigre, se pisar ali, ou se você montar um tigre correndo, tem que segurar bem senão cai e morre. E assim a pérola do dragão é a mesma coisa, embaixo da mandíbula do dragão, as escamas são dispostas ao contrário do resto do corpo. Quando a pessoa toca nessa região de escamas ao contrário, o dragão fica com raiva, porque aquele lugar é proibido. E para tirar essa pérola, tem tocar essa parte, muito perigoso, uma questão de vida e morte. A terceira cachoeira da Pérola do Dragão, as águas ali são muito profundas e não se pode enxergar o fundo, mesmo mergulhando. Essa é a imagem da Pérola do Dragão.



Passando para a quarta cachoeira. A cachoeira das Nuvens do Dragão. Se a pessoa conseguiu pegar essa pérola do dragão, aparecem muitas nuvens e o dragão sai da água, pega essas nuvens e começa a subir para os céus. Essa é a quarta. As nuvens de certo modo também são o caos. Nada controlado, nada preparado. Ninguém sabe o que acontece. Com essa situação você consegue a auto-realização. Nuvens do Dragão.



Passando isso se chega à cachoeira do Dragão Verdadeiro. O livro de Mestre Dogen, Fukanzazengi, manual de zazen, prática de meditação universal, fala de uma história. Tinha um senhor chamado Seirioku, que era como um lord, um senhor. Ele gostava muito de dragões, era maníaco de dragões, desenhos de dragões, potes com forma de dragões, ou roupas com desenhos de dragões, qualquer coisa sobre dragões, colecionava. Um dia, sabendo disso, o dragão ficou muito contente, por que não cumprimentá-lo? Assim o dragão resolveu descer dos céus, visitar a casa dele e tocou a janela com seu rabo. Toc, toc. Quem é? Olhou pela janela, quem é? Abriu a janela. Aí viu a cara do dragão verdadeiro. E nesse momento Seirioku desmaiou. Quer dizer, muita gente fala, fala, fala sobre o Zen, aquelas histórias sobre koans, dokusan, como coisas engraçadas e se auto-propalando como professores de Zen ou do Dharma, mas isso tudo é mentira, como desenho, escultura, imitando o dragão. Mas um dia aparece o dragão verdadeiro, como pode imaginar, não tem nada a ver com aquilo que falava. Desmaiou. Isso realmente acontece. A gente diz que isso é Zen de salão de chá, eu digo que é Zen de papparazzi, aquelas pessoas que através da internet, ou email, despacham mensagens para duzentas, trezentas pessoas ao mesmo tempo, recebendo respostas e perguntas. Respondendo o que ele pensa ou aprendeu algures em livros Zen, ou sutra do Dharma, falando como se fosse professor. Pode ser professor, mas não é monge Zen nem mestre, claro, é tudo imitação, mentira. Quando aparece o verdadeiro dragão mostrando sua cara, assusta, querendo explicar, justificar, quanto mais explica, justifica, pior. Porque não aceita esse susto calado. Não tem força nenhuma. Aí está perdido, mas não percebe que está perdido, continua agindo, mas é tudo mentira. Essa é a imagem do Dragão Verdadeiro.



Agora é a sexta. A sexta é a cachoeira maior de todas, com uma queda de cinquenta e cinco metros, e se chama Dragão Voador. O Dragão Verdadeiro corresponde à matriz de nossa escola, Eihei-ji, foi fundada por Mestre Dogen. Nós temos uma outra matriz, Soji-ji, fundada por Keizan Zenji. Então Soji-ji tem uma revista de mosteiro, como a nossa “Flor do Vazio” que se chama “Dragão Voador”. Essa é alta, larga, como se fosse um dragão abrindo as asas, subindo para os céus.



A sétima cachoeira se chama Dragão do Céu. Tenryu. Ten é céu, ryu é dragão. Já está realizado, saindo do mosteiro, começa a trabalhar com toda a força.



A oitava pode ser a cachoeira Rei do Dragão. Onde ficam os urubus-rei no terreno do Eishjo-ji: Pegando esse “rei” do urubu-rei. Cachoeira do Rei dos Dragões, porque tem muitas quedas separadas no mesmo lugar. Fica em cima do Dragão Voador. Todo dia de manhã no mosteiro ou templo Budista Zen, se canta um sutra para a cozinha. No final nós temos um mantra, com os oito reis dos dragões, nanda-ryu, batsunanda-ryu, shakara-ryu, watsukiti-ryu, tokushaku-ryu, anabata-ryu, manashi-ryu, uhara-ryu. Este ryu é o rei dos dragões. Existem países com muitas pessoas. Então ele dirige essa família. Esse é o grande Rei do Dragão e representa os guardiões do mosteiro. Defendem o Dharma para que o mosteiro permaneça funcionando bem. Em todo o caso, o dragão corresponde à ligação com a água, fogo, terra, com energia fora do comum. É isso o que representam esses oito nomes acima, são nomes sânscritos e o ryu é chinês, Rei dos Dragões. Muitos dragões. Tem ainda outros nomes de dragões. Ryu em sânscrito é Naga. Como Nagarjuna. Dragão. Quer dizer aquela pessoa treinada, realizada, fora do comum. Aí o mosteiro é a montanha dos dragões e fênix, somente dragões e fênixes podem morar ali. A fênix tem que estudar muito mais. Um dia vou contar.










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